A jornada de Dioglas André, ex-aluno do curso de Psicologia da IENH é marcada por desafios, superações e um profundo compromisso com o conhecimento. Agora, ele celebra sua aprovação no mestrado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em entrevista, ele compartilhou os desafios vividos, sua motivação para seguir a Psicologia e suas expectativas para o futuro.
Ao falar sobre sua trajetória acadêmica, Dioglas destaca o esforço que marcou o período da graduação, concluída no início da pandemia. “Foi um caminho desafiador. Trabalhava durante o dia em uma metalúrgica, percorria cerca de 20 km à noite para assistir às aulas e, nos finais de semana, me dedicava aos estudos e tarefas acadêmicas. Estudar também é um trabalho”, reflete. A chegada da pandemia trouxe dificuldades extras, mas ele manteve o foco em seu objetivo.
A escolha pela Psicologia foi motivada por reflexões sobre o sofrimento humano. “Não há vida sem sofrimento. Foi ele que me apresentou à Psicologia, onde descobri o poder da escuta, das palavras e do silêncio. Essas ferramentas transformam vidas e ajudam a ressignificar experiências.”
O ingresso no mestrado foi um marco importante, fruto de esforço e dedicação. Dioglas, natural de Sapiranga, reside em São Leopoldo desde 2022 e vivenciou momentos marcantes na cidade, como as enchentes de maio de 2024. “Aquilo nos levou a questionar nosso papel enquanto humanidade.” Mesmo com uma rotina exigente – que incluía trabalho e uma especialização –, ele encontrou tempo para desenvolver seu anteprojeto, intitulado “A hiperatividade neoliberal e o infarto das almas”. O projeto, segundo ele, foi uma forma de dar sentido às adversidades ao seu redor.
No mestrado, Dioglas aprofundará seus estudos sobre neoliberalismo e subjetivação. Inspirado por autores como Freud, Lebrun, Dardot, Laval, Safatle e Chaui, ele escolheu a linha de pesquisa Psicanálise e Cultura, que explora as interseções entre clínica, cultura e sociedade. “Desde que tive contato com Freud e sua ideia de que a psicologia individual é também psicologia social, nunca mais consegui dissociar clínica e cultura. Isso define meu percurso acadêmico.”
A IENH também foi fundamental em sua formação. “Eu era o primeiro da minha família a cursar o ensino superior, e a graduação foi um misto de desconfiança e esperança. Na IENH, sempre encontrei estímulo em professores, colegas e coordenadores.” Um momento marcante foi a organização da Semana Nietzsche e a Psicologia, em 2017, que contou com grandes nomes da filosofia e psicologia. “Foi uma experiência inesquecível, que só foi possível porque alunos, docentes e instituição sonharam juntos.”
Quando questionado sobre o que diria a quem pensa em cursar Psicologia, Dioglas destaca a importância ética da área. “A Psicologia tem um compromisso com o outro e não pode ser apenas um dispositivo de adaptação mercadológica. É preciso comprometimento, que vai além do envolvimento. Devemos analisar que muitas queixas individuais refletem contextos sociais, e reduzir tudo a um transtorno individualizado é desresponsabilizar a ordem social que nos cerca.”
Sobre o futuro no mestrado, Dioglas compartilha que vive um misto de emoção e gratidão. Ele lembra os desafios financeiros enfrentados durante a graduação e a especialização, mas destaca que o desejo de continuar sempre prevaleceu. “Espero que o mestrado permita que determinadas referências se percam para a produção de outros caminhos. Perder-se é, muitas vezes, um convite para reinventar direções.”
A trajetória de Dioglas é uma inspiração de resiliência, paixão pelo conhecimento e compromisso com o outro, mostrando que a determinação é capaz de superar quaisquer barreiras e construir novas possibilidades.