Patterns of Perpetration and Perceptions of Teen Dating Violence (Padrões de Perpetração e Percepções de Violência nas Relações Afetivo-Sexuais na Adolescência) foi o trabalho publicado pela Professora do Curso de Psicologia da Faculdade IENH – Jeane Lessinger Borges na revista Psicologia - USF.
O artigo é resultado de um estudo sobre padrões de perpetração e percepções de violência nas relações afetivo-sexuais (do “ficar” e namorar) na adolescência. Segundo Jeane, foram entrevistados 560 adolescentes de escolas públicas e privadas da região metropolitana de Porto Alegre/RS. Deste total, foi identificado que 428 adolescentes (76.43%) já tinham perpetrado algum tipo de violência no namoro, sendo a violência verbal/emocional a mais frequente (91.1%). Conforme a pesquisadora, adolescentes usam xingamentos e humilhações contra o parceiro íntimo e, de forma naturalizada, tende a não reconhecer que tais verbalizações se constituem uma forma de violência psicológica.
“Foram observados comportamentos de controlar o(a) namorado(a) por meio das mídias digitais. Adolescentes do sexo feminino, por exemplo, tendem a proibir seus namorados de curtir fotos no Facebook, como uma forma de controle. Adolescentes perpetradores tiveram mais dificuldade em reconhecer que ‘Proibir o(a) namorado(a) de sair com amigos’ é uma forma de violência. Por serem adolescentes, faltam recursos psicológicos em como lidar com ciúmes e conflitos, sendo que tendem a fazer uso de agressões verbais para lidar com tais situações. Já adolescentes do sexo masculino, tendem a ter mais dificuldade em reconhecer que forçar uma relação sexual é uma forma de violência, reproduzindo em seus relacionamentos um padrão de violência de gênero”, explica Jeane.
De modo geral, a professora conta que não foi encontrada diferença entre adolescentes perpetradores e não perpetradores no que tange a percepções sobre comportamentos abusivos, sendo que ambos os grupos legitimam o uso da violência em suas relações amorosas. “Torna-se importante abrir espaços de diálogos com os adolescentes, a fim de desconstruir padrões violentos nos relacionamentos amorosos e papéis de gênero que reforçam o uso da violência. Por fim, trabalhar de forma preventiva torna-se fundamental, uma vez que a violência no namoro é preditora da violência conjugal adulta”, conclui Jeane.
O trabalho está disponível em formato digital e pode ser acessado no site: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413-82712020000200235&lng=en&nrm=iso&tlng=pt